D E M Ê N C I A
A demência é uma síndrome decorrente de uma doença cerebral, usualmente de natureza crônica ou progressiva, na qual há perturbação de múltiplas funções corticais superiores, incluindo memória, pensamento, orientação, compreensão, cálculo capacidade de aprendizagem, linguagem e julgamento. Não há obnubilação de consciência. Os comprometimentos de função cognitiva são comumente acompanhados, e ocasionalmente precedidos, por deterioração no controle emocional, comportamento social ou motivação. Esta síndrome ocorre na doença de Alzheimer, na doença cerebrovascular e outras condições que, primária ou secundariamente, afetam o cérebro.
Na avaliação da presença ou ausência de uma demência, deve-se tomar cuidado especial em evitar identificação falso-positiva: fatores motivacionais, particularmente depressão, associados a lentidão motora e fraqueza física geral, ao invés de perda da capacidade intelectual, podem ser responsáveis por falha de desempenho.
A demência produz um declínio apreciável no funcionamento intelectual e usualmente alguma interferência com atividades pessoais do dia-a-dia, tais como limpeza, vestimenta, alimentação, higiene pessoal, atividades fisiológicas e de toalete. Como tal declínio se manifesta dependerá amplamente do meio social e cultural no qual o paciente vive. Alterações no desempenho de papéis, tais como uma diminuição na capacidade de manter ou encontrar um emprego, não devem ser usadas como critérios de demência devido às grandes diferenças transculturais que existem sobre o que é apropriado e porque pode haver, freqüentes, alterações externamente impostas na disponibilidades de trabalho dentro de uma cultura em particular.
Diferentes significados da palavra demência
1. PERDA DA RAZÃO (CONCEITO LEGAL).
2. VIA FINAL COMUM DA DETERIORAÇÃO
(CONCEITO EVOLUTIVO).
3. ALTERAÇÃO DIFUSA DO CÓRTEX
(CONCEITO ANATOMOPATOLÓGICO).
4. DETERIORAÇÃO COGNITIVA CRÔNICA, ÀS VEZES REVERSÍVEL (CONCEITO CLÍNICO).
5. PERFIL DE DETERIORAÇÃO COGNITIVA ESPECÍFICA :
CORTICAL-SUBCORTICAL
(CONCEITO NEUROPSICOLÓGICO).
DIAGNÓSTICO DA DEMÊNCIA
PRINCÍPIOS GERAIS
É UMA DEMÊNCIA, OU SERIA AFASIA OU SÍNDROME AMNÉSTICA
DEVIDA A LESÃO LOCALIZADA ?
EXISTE UMA CAUSA TRATÁVEL ?
MESMO SE A CONDIÇÃO NÃO FOR TRATÁVEL,
O DIAGNÓSTICO CORRETO É IMPORTANTE
PARA O ACONSELHAMENTO.
GERALMENTE EXISTEM INDÍCIOS NA HISTÓRIA
OU EXAME CLÍNICO QUE APONTAM PARA
O DIAGNÓSTICO CORRETO.
CLASSIFICAÇÃO DA DEMÊNCIA
I. DEMÊNCIAS REVERSÍVEIS
1. Secundárias à patologia sistêmica
- Patologia tiróidea.
- Enf. De Cushing e enf. de Adisson.
- Porfíria.
- Uremia.
- Insuficiência pulmonar crônica.
- Encefalopatia hepática.
- Hipoglucemia.
- Lupus eritematoso sistêmico.
- Déficit nutricional (B12, Ácido fólico).
- Pelagra.
2. Secundárias a fármacos ou a tóxicos
- Alcoolismo.
- Psicofármacos (anticolinérgicos)
- Outros fármacos.
- Intoxicações crônicas mentais.
3. Secundárias a patologia neurológica
- Hidrocefalia normotensiva.
- Meningite crônica.
- Neurosífilis (P.G.P).
- Encefalite tuberculosa.
- Tumores cerebrais.
- Hematoma subdural crônico.
II. DEMÊNCIAS IRREVERSÍVEIS
1. Primárias
- Enfermidade de Alzheimer.(Veja a neuroimagem)
- Enfermidade de Pick.
2. Secundárias
- Multi-infarto.
- Pós-traumática.
- AIDS.
- Creuzfeld-Jakob.
- Coréia de Hungtington.
- Panencefalite esclerosante subaguda.
- Demência dialítica.
- Esclerose lateral amiotrófica.
- Paralisia supranuclear progressiva.
- Ataxia cerebelosa.
- Ac. vasculares cerebrais.
- Idiocia ameurótica familiar.
- Epilepsia mioclônica.
1. Apesar de a demência multi-infarto dever ser considerada uma forma secundária de demência. Na prática clínica, a identificação da mesma é feita a partir de sua frequentemente difícil diferenciação com a enfermidade de Alzheimer, e por isso as tratamos dentro do mesmo nível diagnóstico no texto.