Fumaça
Assassina
O
tabaco é responsável pelo maior número
de mortes no mundo. Supera acidentes em geral, incêndios,
Aids e outras drogas.
Dr.
José Elias Murad
Médico, farmacêutico e químico.
Deputado Federal (MG)
|
A
ciência - especificamente a Medicina já
comprovou os efeitos danosos do tabaco
sobre
o organismo. O problema, no entanto, é que a
maioria desses efeitos aparece ao longo do tempo, depois
de vários anos. Assim, dizer, que o cigarro faz
mal à saúde tornou-se um discurso óbvio
e geralmente pouco eficaz para sensibilizar fumantes
dependentes. Para isso, é necesária uma
motivação maior. Uma crise grave de angina
ou um infarto do miocárdio, por exemplo, durante
os quais o indivíduo percebe que, permanecendo
no uso do tabaco, está pondo a vida em risco.
Entretanto,
salientar os efeitos sobre o organismo para os não-dependentes
é muito importante a fim de conscientizá-los
sobre a gravidade do tabagismo ao longo do tempo. Quando
esses efeitos são relacionados com a boa apresentação,
a beleza, o desempenho físico e a sexualidade,
são os mais positivos, principalmente sobre os
jovens.
Os
principais danos provocados pelo fumo sobre o organismo
são os seguintes:
Boca: O fumo favorece o mau hálito e o câncer
da boca e dos lábios. Nos fumantes crônicos,
os dentes ficam amarelados e, devido ao enfraquecimento
das gengivas, a queda dos dentes é precoce. Há
também descalcificação (perda de
cálcio) dos dentes.
Pele: Aparecem manchas generalizadas na pele, principalmente
nos dedos. Os tabagistas, em especial as mulheres, desenvolvem
rugas na face e os "pés de galinha"
aparecem mais precocemente.
Faringe,
laringe e esôfago: Nesses órgãos
o tabaco provoca câncer.
Pulmões: Mais de 80% dos casos de câncer de pulmão
são devidos ao tabagismo. Há cerca de
50 anos, este tipo de câncer era raro nas mulheres,
porque elas não fumavam ou fumavam pouco, ou
ainda porque o faziam às escondidas. Hoje, a
doença praticamente atinge os dois sexos, indistintamente.
Mais
de 80% dos casos de enfisema pulmonar - grave deficiência
respiratória devido à perda da elasticidade
do tecido pulmonar, tornando difícil a respiração
- são devidos também ao tabagismo.
São
comuns a tosse e a rouquidão crônicas,
devido à irritação dos tecidos
dos brônquios e dos alvéolos pulmonares,
levando à formação de depóstios
de secreção na luz (parte interna) dos
canais, o que dificulta a respiração e
leva à tosse, para removê-las. Depois de
alguns anos, os tecidos perdem a elasticidade e o ritmo
aspiração/expiração fica
difilcultado, surgindo o enfisema pulmonar. Consequentemente,
o enfisematoso tem verdadeira "fome de ar".
Alguém já disse: "Vá à
uma enfermeira de pneumologia para ver não como
os enfisematosos estão vivendo, mas como eles
estão morrendo".
Rins,
pâncreas e bexiga: Está enganado
quem pensa que o tabagismo só responsável
por câncer dos pulmões e dos brônquios.
Os tumores outros órgãos - como rins,
pâncreas e bexiga - têm incidência
muito maior nos fumantes.
Sistema
cardiovascular: Crises de angina (dor no lado
esquerdo do peito e que se reflete para o braço)
, provenientes da diminuição do fluxo
sanguíneo ao coração pelo estreitamento
ou contração das artérias coronárias,
são muito mais frequentes nos tabagistas. Além
disso, o fumante sofre mais de arteriosclerose e arritmias
cardíacas (falta de ritmo nos batimentos cardíacos).
Os batimentos cardíacos chegam a subir de 80
para 120 por minuto após fumar um só cigarro,
favorecendo o infarto do miocárdio e AVC (Acidente
Vascular Cerebral ou derrame), que em geral leva à
paralisia ou à morte. Hoje, sabe-se que a principal
causa de morte por infante do miocárdio é
o hábito de fumar.
Aparelho
digestivo: O tabagismo facilita o aparecimento
de úlceras e gastrites.
Ossos: A osteoporose é mais comum nos fumantes, pois
o tabado provoca perda de cálcio dos ossos, enfraquecendo-os.
O fenômenos mais comum e frequente nas mulheres,
principalmente após a menopausa, pois o cigarro
interfere muito na produção e utilização
de hormônios.
Órgãos
sexuais: O tabagismo diminui a fertilidade
do homem e, devida à sua interferência
com os hormônios sexuais, pode reduzir a atividade
sexual.
Células: O cigarro não apenas mata as célular como
também altera suas características, podendo
transformá-las em células cancerosas.
Metabolismo: A quantidade extra de energia consumida pelo fumante
decorre da aceleração do metabolismo provacada
pela nicotina. O fumante gasta mais energia do que o
não fumante, na realização mesma
tarefa. É como um carro cujo motor está
desregulado: consome muita energia, funciona mal e polui
o ambiente.
Crianças
"Fumantes" |
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O
tabagismo passivo atinge primeiro os filhos
As
maiores vítimas da fumaça do cigarro
são as crianças de até dois
anos filhas de pais fumantes, uma vez que ficam
mais tempo com eles.
Crianças
cujas mães fumam durante a gravidez nascem
com peso e altura inferiores às outras.
O
hábito de fumar é mais precoce em
crianças provenientes de lares onde os
pais fumam. Sendo que boa parte destas adquire
o vício no
início da adolescência.
O
fumo é causador de sintomas como tosse
crônica e expectoração abundante
em crianças que convivem com fumantes.
Estudos
científicos têm demonstrado que filhos
de pais fumantes apresentam com mais frequencia
complicações nas vias aéreas
superiores (nariz, garganta e laringe) como nas
inferiores (pulmões e brônquios).
A
ocorrência de pneumonia e bronquite crônica
em crianças no primeiro ano de vida é
maior em famílias cujos pais fumam.
O
desempenho intelectual de filhos de fumantes é
menor do que de não-fumantes. Durante a
gravidez o fumo compromete a inteligência
do feto. |
A
ciência já comprovou a existência
de impulsos psicológicos que, após levar
o indivíduo a acender o primeito cigarro, tratam
de criar, ao longo do tempo, numerosas oportunidades
que tornam difícil resistir ao apelo de fumar.
É muito comum o jovem, que anseia sentir-se integrado
ao meio social, exibir como símbolo de masculinidade,
orgulhosamente entre os dedos, o cigarro com emblema
de seu acesso à maturidade e à emancipação.
Na
fase adulta, acaba portando-se de maneira semelhante,
usando o cigarro como um espécie de muleta química
, sem a qual não saberia sequer nde colocar as
mãos. Nas do dia-a-dia, habitua-se a acender
um cigarro, ou então, como se diz com certo humor:
"Um cigarro antes e outro depois, mas o melhor
é o que fica entre eles." Essas situações
estão ligadas à dificuldade em enfrentar
o estresse e à incapacidade de resolver problemas.
Esses
usuários têm mais dificuldades para deixar
o hábito.
E
m pouco tempo, a resistência do fumante à
prática de exercícios diminui em cerca
de 15%. O cigarro não é compatível
com o esporte. Um campeão jamais é tabagista.
Segundo
a Organização Mundial de Saúde,
OMS, o tabagismo é a principal causa evitável
de morte no mundo inteiro. Ele mata mais do que todas
as outras drogas reunidas (heroína, cocaína,
bebidas alcoólicas e outras). Também supera
a Aids, incêndios de trânsito. Nos Estados
Unidos, morrem mais de 300 mil vítimas do tabaco
por ano; no Brasil, cerca de 100 mil.
Uma
pesquisa feita na Inglaterra com 35 mil médicos
fumantes, durante 40 anos, constatou que a metade deles
morreu de causas diretamente ligadas ao tabagismo, tendo
perdido em média, comparando-se com os médicos
não fumantes, 22 anos de vida.
Os
especialistas calculam que o governo arrecada, em impostos,
cerca de 80% do preço de cada maço de
cigarro vendido. Apesar disso, sabe-se que, no Brasil,
existe uma grande escassez de verbas destinadas à
Saúde e não sabe quanto é gasto
com as doenças provocadas pelo tabagismo. Nos
Estados Unidos, o Banco Mundial calcula que o governo
americano gasta 7% do orçamento - cerca de 50
bilhões de dólares - para tratar as moléstias
causadas diretamente pelo tabado.
Nas
décadas de 50 a 60, metade da população
americana fumava. Depois que o governo começou
as campanhas contra o tabagismo, 25 milhões de
americanos pararam de fumar. No Brasil, onde há
35 milhões de fumantes, nos últimos anos,
houve diminuição de apenas 4% no número
de tabagistas.
Atualmente,
muitas empresas têm restrições quanto
a empregar fumantes. Por exemplo, em 1994, uma organização
da área de Recursos Humanos, em São Paulo,
divulgou uma pesquisa revelando que a maioria das organizações
é contra a admissão de executivos fumantes.
De acordo com a pesquisa, 70% de um total de 1,5 mil
selecionados de Recursos Humanos faziam objeção
ao fumo quando recrutavem profissionais. Davam sempre
preferência a não-fumantes.
Nos
locais de trabalho, onde as pessoas se agrupam, é
cada vez maior a preocupação com o chamado
tabagismo passivo. Contratar não-fumantes é
melhor e mais econômico do que ter "fumódromos".
Algumas
companhias estão inclusive investindo em programas
internos, ensinando os empregados a deixar de fumar
ou a não fumar no trabalho. Assim, atingem tanto
os que fumam e querem, quanto dissuadem novos fumantes
em potencial
A
nicotina e as outras drogas |
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Nas quantidades encontradas na tabaco fumado,
a nicotina não produz intoxicação.
Isto conduz a uma aumento do seu potencial de
dependência uma vez que não há
limites cognitivos e sociais para o uso, o que
permite a auto-administração contínua
por todo o dia.
Enquanto
as tradicionais drogas que provocam dependência
produzem efeitos agudos, o efeito da nicotina
é lento e sutil.
As
tradicionais drogas de abuso, geralmente só
são tomadas algumas vezes por dia com a
dose variando de acordo com o seu grau de pureza,
enquanto a nicotina do cigarro é administrada
várias vezes ao dia e a mesma dose é
fornecida ao organismo em cada cigarro fumado.
Os
cigarros são muito mais fáceis de
obter no que outras drogas que provocam dependência.
Essa disponibilidade e o baixo custo do cigarro
aumentam o potencial de dependência à
nicotina.
e
A
inalação da fumaça tabágica
leva a uma extremamente rápida absorção
da nicotina pela via pulmonar, o que facilita
a dependência e sua manutenção.
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