Após
a decretação da lei 180 de 1978, iniciou-se
uma reforma voltada para desinstitucionalização
de doentes mentais crônicos que se encontravam
internados em anocrônicas instituições
públicas, transferiram-se milhares deles para
as residências supervisionadas, o que foi um caos
com depredações dos locais e milhares
de doentes abandonaram as casas ou dispersaram-se pelas
ruas das cidades. O artigo “Residential care in
Italy – National survey of non-hospital facilities”(British
Journal of Psychiatric (2002), 181, 220-225), mostrou
uma significativa mudança estrutural do modelo
assistencial comunitário reportando-se que os
Serviços Residenciais Não Hospitalares
– NHRFs atendiam a duas necessidades básicas:acomodações
alternativas para os doentes crônicos dos hospitais
psiquiátricos públicos e para os doentes
crônicos, mais jovens, retirados da comunidade.
Em maio de 2000, existiam 1.370 Serviços Residenciais
Não Hospitalares com 17.138 leitos e uma graúda
equipe de 18.666 profissionais, incluindo: diretores
para todas as “residências”, 1.522
psiquiatras, 943 psicólogos, 5.845 enfermeiras
especializadas, 300 terapeutas em reabilitação
psiquiátrica, 2.085 terapeutas ocupacionais,
etc. Do estudo extrai-se outros dados interessantes:
58,5% dos moradores nunca estiveram internados em psiquiatria;
basicamente não ocorrem altas nas unidades; e
73,4% das residências as equipes de trabalho funcionam
nas 24 horas. Estas estruturas funcional e profissional
impõem à compreensão de que, na
prática, as “residências protegidas”
são mini-hospitais de psiquiatria. Na Itália,
depois de uma ampla desospitalização de
doentes crônicos moradores em unidades públicas,
existem 27.649 leitos psiquiátricos, 0,48 leitos/1000
hab e 1.370 mini-hospitais de psiquiatria com 17.138
leitos e hospitais de psiquiatria com 10.611 leitos,
enquanto que no Brasil, atualmente, há apenas
0,28 leitos/1000 hab. |