Edgar
A. POE, escritor americano que se perguntaba se
a loucura não representaria a forma mais
elevada de inteligência.
Será
mera coincidência?
No
início do século XX, a busca pelas
raízes da genialidade era um dos temas mais
palpitantes da investigação psicológica.
Cientistas de ponta tinham poucas dúvidas
de que certos males psíquicos davam asas
à imaginação. "Quando
um intelecto superior se une a um temperamento psicopático,
criam-se as melhores condições para
o surgimento daquele tipo de genialidade efetiva
que entra para os livros de história",
sentenciava o filósofo e psicólogo
americano William James (1842-1910). Pessoas assim
perseguiriam obsessivamente suas idéias e
seus pensamentos - para seu próprio bem ou
mal -, e isso as distinguiria de todas as outras.
Nem
a terra nem o homem são centro do Universo:
a teoria cosmológica de Copérnico contrariou
as doutrinas correntes de seu tempo. Copérnico
no Trabalho, de Matejko Jan (1873)
Sigmund
Freud também se interessou pelo assunto.
Convicto de que encontraria "algumas verdades
psicológicas universais", analisou vida
e obra de artistas e escritores famosos, buscando
pistas de transtornos mentais. Mas foi somente a
partir dos anos 70 que Nancy Andreasen, psiquiatra
da Universidade de lowa, começou a investigar
de forma sistemática a suposta ligação
entre genialidade e loucura. Participaram de sua
experiência 30 escritores cujo talento criativo
havia sido posto à prova na renomada oficina
de autores da universidade.
O autor
ULRICH
KRAFT é médico e jornalista científico.
- Tradução
de Sérgio Tellaroli
Andreasen
examinou essas personalidades à procura de
distúrbios psíquicos e comparou os
dados obtidos aos daqueles grupos de um grupo de
controle: 80% dos escritores relataram perturbações
regulares do humor, ante 30% no grupo de controle.
Quarenta e três por cento dos artistas satisfaziam
os critérios para o diagnóstico de
uma ou outra forma de patologia maníaco-depressiva,
o que, no grupo de controle, só se verificou
em uma a cada dez pessoas. Durante o estudo, dois
escritores cometeram suicídio - dado que,
segundo Andreasen, não seria estatisticamente
significativo. A psiquiatra comprovou pela primeira
vez e com métodos científicos que,
por trás da suposta conexão entre
criatividade elevada e psique enferma, haveria algo
mais que o mero e surrado lugar-comum.
Em
1983, Kay Redfield Jamison conduziu um estudo em
que obteve resultados claros e semelhantes. Psicóloga
da Universidade da Califórnia, em Los Angeles,
ela contatou 47 pintores e poetas britânicos
renomados. Seguindo os critérios do Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais (DSM), examinou a presença de transtornos
de humor caracterizados por fases depressivas.
Segundo
o Manual, esses transtornos são marcados
por estados depressivos que duram de duas a quatro
semanas e prejudicam sensivelmente o cotidiano dos
pacientes, que não conseguem animar-se para
nada, sofrem perturbações da concentração
e do sono e têm pensamentos negativos beirando
o desespero total. A presença desses sintomas
aponta para o chamado transtorno depressivo maior.
Mas, além desse, há também
os transtornos bipolares, nos quais fases depressivas
são alternadas com picos de euforia - os
episódios maníacos. Nesse caso, os
pacientes quase não dormem, estão
sempre ocupados com alguma coisa, seus pensamentos
saltam de um tema a outro e eles atribuem a suas
idéias
- e, em geral, também a si próprios
- grandeza absoluta.
Tais
males psíquicos, caracterizados como depressões
maníacas, estão entre os transtornos
de humor pelos quais Jamison procurava em seu estudo.
Ela constatou que quase 40% dos artistas examinados
haviam requerido ajuda médica alguma vez
na vida - taxa 30 vezes mais alta que a verificada
entre a média da população.
A corporação dos escritores revelou
ser a que sofria dos problemas psíquicos
mais severos. Um a cada dois poetas já havia
recorrido a tratamento psiquiátrico em virtude
de depressão ou episódios maníacos.
Na
década de 80, Hagop Aksikal entrevistou outros
20 artistas europeus, tendo por base os critérios
do DSM. Dois terços deles sofriam de episódios
depressivos recorrentes, muitas vezes combinados
com os chamados estados hipomaníacos - forma
menos pronunciada da mania. Como constatou esse
psicólogo da Universidade da Califórnia,
em San Diego, metade dos artistas tinha enfrentado
depressão em algum momento da vida. Tendência
semelhante, aliás, Aksikal já havia
observado entre músicos de blues nos Estados
Unidos.
Com
base nessas pesquisas, Jamison concluiu que o grande
número de artistas com diagnóstico
de depressão ou de transtornos bipolares
já não podia ser atribuído
ao acaso. A pesquisadora admitia deficiências
metodológicas também em seu próprio
estudo — por exemplo, o número demasiadamente
reduzido da amostra -, mas a conexão entre
instabilidade psíquica e potencial criativo
era evidente.
Ruth
L. Richards e colegas da Harvard Medicai School,
em Boston, tentaram abordar a questão de
outro ponto de vista. Em vez de saírem em
busca de males psíquicos em artistas reconhecidos,
inverteram a pergunta: portadores de enfermidades
psíquicas seriam particularmente criativos?
Eles examinaram a criatividade de 17 pacientes com
depressão maníaca manifesta e de 16
ciclotímicos - a forma mais amena do transtorno
bipolar -, com base na chamada Lifetime Creativity
Scale.
Nessa
escala de criatividade influenciam não apenas
os testes relacionados ao pensamento inovador e
original, mas também o desempenho criativo
nas esferas pessoal e profissional. Os pacientes
saíram-se melhor que o grupo de pessoas utilizado
para comparação, composto de indivíduos
sem qualquer histórico psiquiátrico.
O
tipo de transtorno desempenhou aí papel bastante
decisivo. Os participantes ciclotímicos revelaram-se
muito mais criativos. Além disso, ficaram
atrás de seus familiares sem distúrbios
psíquicos evidentes, também avaliados.
A hipótese aventada pelos pesquisadores foi,
portanto, a de que os parentes dos pacientes talvez
tendessem à instabilidade psíquica,
cuja manifestação neles se daria de
forma tão amena que não lhes causaria
problemas. "É possível que pessoas
com tendência reduzida, talvez até
imperceptível, à instabilidade bipolar
sejam mais criativas", concluíram os
pesquisadores.
Nesse
meio tempo, o pensamento aguçado, de criatividade
incomum, e a produtividade elevada passaram até
mesmo a serem considerados indícios no diagnóstico
de fases maníacas. Mas como uma enfermidade
tão perturbadora e destrutiva pode incrementar
nosso poder criativo? Afinal, normalmente reina
o caos entre os maníaco-depressivos, tanto
no aspecto profissional quanto no pessoal. Em meio
a episódios maníacos, endividam-se,
mergulham em relacionamentos duvidosos e aventuras
sexuais sem medir as conseqüências. Agressões
e até mesmo alucinações integram
o quadro. Então, a esse apogeu temporário
segue-se sempre o mergulho em depressão profunda.
"
Se Soubesse o que é Arte... nãocontaria
para ninguém", brincou Pablo Picasso,
o mais importante representante do cubismo. Mulher
Adormecida com Persianas (1986).
O
psicólogo americano Joy Paul Guilford (1897-1987)
definiu criatividade como a capacidade de, diante
de um problema, "encontrar respostas incomuns,
de associação longínqua".
Para chegar a uma idéia original, abandonam
caminhos já trilhados e pensam de modo diferente.
O intelecto, então, não se afeita
à busca de uma única solução
correta, mas move-se em diversas direções.
Quanto mais fluentes e livres jorrarem os pensamentos,
melhor.
São
precisamente esses talentos que os portadores de
transtornos bipolares exibem em abundância
na fase maníaca. Seu cérebro trabalha
à toda, despejando idéias nada convencionais.
Essa imensa produção está longe
de resultar apenas em coisas sensatas, mas pouco
importa: a massa de idéias que brota da mente
maníaca eleva a probabilidade de que haja
entre elas alguns lampejos mentais "genuínos".
Vicent
Van Gogh - Histórico de uma doença
Concluída
a escola, o jovem Vincent van Gogh vai trabalhar
na compra e venda de objetos de arte, primeiro em
Haia, depois em Londres. A infelicidade no amor
o lança na primeira depressão grave.
Seus pensamentos voltam-se para a religião.
Passa quatro anos na Bélgica trabalhando
como pastor Ali, ajuda no que pode e luta pelos
direitos '\ das pessoas. Contudo, isso desagrada
a Igreja, da qual é expulso, fazendo-o mergulhar
em nova crise. "Minha única angústia
é descobrir como posso ser útil ao
mundo", escreve ao irmão Theo, seu mais
íntimo confidente.
Somente
aos 27 anos, Vincent decide ser pintor. Lança-se
ao trabalho com enorme intensidade. Em 1886, vai
viver com Theo em Paris, onde sua saúde piora.
Começa a sofrer de cãibras na mão
esquerda. Passados os acessos, fica perturbado e
a memória falha por breves períodos
- primeiro indício da epilepsia diagnosticada
mais tarde. O gosto do pintor pelo absinto contribui
para o agravamento de seu estado. Sabe-se hoje que
a bebida contém uma substância que
favorece ataques epilépticos e psicoses.
Seu temperamento explosivo e as oscilações
de humor o tornam persona non grata para vários
de seus conhecidos. "É como se fossem
duas pessoas: uma delas, de grande talento, culta
e sensível; a outra, egoísta e fria
de sentimentos", descreve Theo.
No
início de 1888, Vicent vai para o Sul da
França, “ cansado e desesperado”,
como ele próprio diz, Ali, sintomas de um
grave transtorno psíquico manifestam-se com
crescente nitidez. Períodos de atividade
febril alternam-se com apatia e esgotamento total
- sinais típicos de depressão maníaca.
Sentindo-se só, pede ao amigo Paul Gauguin
que se junte a ele. juntos, os dois pintores fundam
o "Estúdio do Sul". Mas este relacionamento
deteriora, culminando numa catástrofe: em
dezembro de 1888, van Gogh o ameaça com uma
navalha e termina por amputar a própria orelha.
No
hospital, o primeiro diagnóstico: psicose
grave. O médico Felix Rey também suspeita
de epilepsia larvada, em que os acessos convulsivos
têm forma bastante amena. Em compensação,
imperam outras ocorrências psíquicas
e o paciente oscila entre euforia extrema e depressão
profunda, acompanhadas de angústia e insônia.
Alucinações e mania de perseguição
integram o quadro dos sintomas, bem como pronunciada
emotividade, que, com freqüência, culmina
em solicitude exagerada ou religiosidade extrema.
A
epilepsia de lobo temporal é tida como a
explicação mais provável para
o perturbado estado mental de van Cogh. Rey o trata
com brometo de potássio. Passados alguns
dias, o artista se recupera. Embora o médico
chame sua atenção para os perigos
do absinto, o pintor o ignora. Essa é uma
das razões para as várias recaídas,
que requerem repetidas internações.
Seu estado psíquico é tão instável
que, em maio de 1889, interna-se espontaneamente
no sanatório de Saint Rémy.
O
médico da instituição confirma
a epilepsia, mas suspende o tratamento com brometo
de potássio. Apesar dos episódios
de uma grave psicose, van Gogh produz no ano seguinte
mais de 300 obras. Depois, muda-se para Auverssur-Oise,
nas proximidades de Paris. Nos campos ao redor de
Auvers, pinta algumas de suas grandiosas paisagens.
Em carta a Theo, menciona que gostaria de aumentar
sua paleta de cores e pede apoio ao irmão.
Três dias depois, o grande artista se mata
com um tiro no peito.
O
psicólogo Eugen Bleuler, contemporâneo
de Freud, via aí o elo procurado entre genialidade
e doença mental. "Mesmo que apenas os
casos amenos produzam algo de valor, o fato de neles
as idéias fluírem com mais rapidez
e, sobretudo, de as inibições desaparecerem
estimula as capacidades artísticas."
Também
para Jamison, o segredo está no pensamento
rápido e flexível, bem como no dom
de unir coisas que, à primeira vista, não
possuem qualquer conexão entre si. O que
Bleuler, no passado, só podia supor hoje
é confirmado por estudos científicos.
Assim, pacientes de hipomania mostram superioridade
em testes de associação de palavras:
num espaço de tempo delimitado e com uma
palavra dada, são capazes de associar quantidade
bem maior de conceitos que pessoas em perfeitas
condições psíquicas. Dão
menos respostas estatisticamente "normais"
que as do grupo de controle, mas encontram soluções
heterodoxas em número três vezes maior.
Hipomaníacos
chamam a atenção também por
seu modo de falar. Tendem a fazer uso de rimas e
empregam com freqüência associações
sonoras, tais como as aliterações.
Além disso, seu vocabulário compreende
em média três vezes mais neologismos
que o de uma pessoa saudável. E mais: nos
pacientes em fase maníaca, a rapidez do processo
de pensamento traduz-se numa elevação
do quociente de inteligência.
Maníaco-depressivos
exibem também certas qualidades não
cognitivas muito úteis aos artistas. Robert
De-Long, psicólogo da Harvard Medical School,
pediu a um grupo de crianças, todas com sinais
precoces de transtorno bipolar, que fizesse desenhos
sobre um tema.
Na
comparação com o grupo de controle,
não apenas seu nítido e transbordante
poder de imaginação chamou atenção.
DeLong ficou ainda mais impressionado com a extraordinária
capacidade de concentração dessas
crianças, que se dedicaram durante horas
à tarefa, sem se deixar distrair por coisa
alguma. Como resultado, seu brilhantismo revelou-se
tanto no desempenho espantoso da memória
quanto nos desenhos detalhados.
Energia
fabulosa e concentração total caracterizam
também as fases criadoras de muitos pintores,
escultores, escritores e poetas. Muitos deles varam
noites escrevendo ou passam horas sem fim no ateliê,
sem dormir.
LIMIAR
DA LOUCURA
Nancy
Andreasen acrescenta outra explicação:
"o sistema nervoso, afinadíssimo",
simplesmente perceberia mais informações
sensoriais, transformando-as em idéias criativas.
Embora sem comprovação definitiva,
a psicóloga supõe que a causa seja
"um defeito nos processos cognitivos que filtram
esses estímulos".
No
final de 2003, Shelley Carson, da Universidade de
Harvard, e Jordan Peterson, da Universidade de Toronto,
descobriram que Andreasen estava certa. Eles recrutaram
25 estudantes que haviam se destacado por seu desempenho
criativo extraordinário e, com auxílio
de um teste, puderam determinar a chamada inibição
latente em cada um deles - mecanismo cognitivo que
exclui do fluxo contínuo de dados sensoriais
aqueles que a experiência já demonstrou
serem de pouca valia. Nos colegas não criativos,
esse processo de filtragem inconsciente se revelou
nitidamente mais pronunciado.
Em
decorrência da menor inibição
latente, pessoas criativas acolhem mais impressões
de seu entorno. Mas há também o outro
lado dessa moeda. "Quando uma pessoa tem 50
idéias diferentes, o provável é
que só duas ou três sejam boas de fato",
explica Peterson. "É necessário
saber diferenciar essas idéias para não
submergir em meio a tantas delas. Daí a importância
da inteligência e da memória operacional
para evitar que as mentes criativas se afoguem numa
torrente de informações", conclui.
Será
que os pacientes de transtorno bipolar ultrapassam
o limiar da loucura por quase sufocar sob a massa
enorme de idéias e pensamentos? Para Carson
e Peterson, isso é precisamente o que sua
experiência deixa claro: "Um grau reduzido
de inibição latente associado a uma
extraordinária flexibilidade de pensamento
pode, sob certas circunstâncias, predispor
o indivíduo às doenças mentais
ou, sob outras circunstâncias, a façanhas
criativas".
Nessa
questão, Jamison - que também sofre
de depressões maníacas — defende
uma tese interessante. Ela acredita que o mergulho
recorrente na depressão evita que portadores
de transtorno bipolar se percam em pensamentos e
idéias obscuras. Indivíduos depressivos
— atormentados por dúvidas, insegurança
e hesitação - teriam um juízo
mais realista das coisas. Seu "mecanismo interno
de edição", como Jamison o denomina,
operaria com a correspondente sensibilidade, ou
seja, verificaria a utilidade das ide»; produzidas
pela mente hiperativa e excluiria as cores berrantes
do excesso. Sendo assim, todas as idéias
que, fase maníaca, se revelam grandiosas
seriam submetidas ao crivo de um extremo rigor crítico.
Já
o pioneiro Guilford via o segredo do pensamento
criativo na capacidade de estabelecer um vínculo
entre o racional e o irracional, o conhecido e o
desconhecido, o convencional e o não convencional.
Se, porém, a criatividade brota dessas oposições,
espíritos criativos arriscam-se continuamente
a ir longe demais com suas idéias e seus
pensamentos, ultrapassando as fronteiras do inteligível.
ARTE
COMO TERAPIA
Uma rápida
visita aos livros de história nos mostra
como é tênue a linha que separa a genialidade
da loucura. Seja a visão heliocêntrica
do mundo de Copérnico ou a teoria da evolução
de Darwin, muitos lampejos geniais foram a princípio
recriminados como produto de um cérebro doentio.
Hoje, porém, ninguém mais duvida da
saúde psíquica de tais personalidades.
Mas
não são poucos os psicólogos
que sustentam que portadores de doenças psíquicas
com freqüência trabalham em áreas
criativas apenas porque a atividade artística
os ajuda a proteger a própria mente da destruição.
"A literatura me pegou pela mão e me
salvou da loucura", ponderava a poeta americana
Anne Sexton (1928-1974), que, em virtude de uma
grave psicose, vivia sendo internada em clínicas
psiquiátricas.
Robert
Schumann (1810-1856), outra mente criativa atormentada
por variações de humor, mania, fixações.
Criatividade
como saída para a crise? Residiria aí
o famigerado vínculo entre poder de criação
e sofrimento psíquico? O fato de tantos pacientes
psiquiátricos se beneficiarem de terapias
envolvendo a pintura, a dança ou a música
parece confirmar essa hipótese. Contudo,
dois fatos não devem ser esquecidos: a maioria
dos doentes não demonstra possuir fantasia
extraordinária nem criatividade especial;
tampouco a maioria dos escritores, poetas, músicos,
designers, escultores ou pintores reconhecidos revela-se
portadora de algum distúrbio mental.
A
imagem excessivamente utilizada e romantizada do
gênio maluco desacredita em certa medida o
trabalho, o caráter e o estado mental dos
que lidam com arte. E o fato de muitos artistas
com enfermidades psíquicas terem recusado
tratamento, no passado, talvez tenha contribuído
para essa visão distorcida. O pintor norueguês
Edvard Munch (1862-1944), por exemplo, que era maníaco-depressivo,
temia que uma terapia pudesse extinguir seu poder
criativo. "Prefiro continuar sofrendo desses
males, porque são parte de mim e de minha
arte", declarou.
Ludwig
Van Beethoven (1770-1827), um gênio atormentado
por instabilidades psíquicas. Por Joseph
Carl Stieler (1781-1858)
Sem
ajuda médica, porém, corre-se o risco
de que depressões e transtornos bipolares
se acentuem com o tempo. Munch teve sorte: estava
relativamente bem nos últimos anos de vida.
Uma declaração da escritora americana
Sylvia Plath nos diz um pouco sobre o sofrimento
de artistas vítimas de distúrbios
psíquicos: "Quando se tem uma doença
mental, ser um doente mental é tudo que se
faz, o tempo todo [...] Quando eu era louca, isso
era tudo que eu era". Em casa, na manhã
de 11 de fevereiro de 1963, essa poeta de extremo
talento, vítima de depressão grave,
abriu a torneira do gás. Tinha 30 anos.
Para
conhecer mais
Decreased Latent
Inhibition is Associated with Increased Creative
Achievement in High-Functioning Individuais. S.
Carson et ai. em journal of Personality and Social.
Psychology
85 (3), 2003, págs. 499-506.
Psychotherapy
with People in the Arts: Nurturíng Creativhy.
G. Schoenewolf, Haworth Press Inc., 2002.
Uma
Mente Inquieta. K. R. Jamison, Editora Martins
Fontes, 1999.
Em
busca do gênio da lâmpada. Ulrich
Kraft, em Viver Mente&Cérebro ns 142,
pág. 44.