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PSIQUIATRIAGERAL.COM.BR

CONSIDERAÇÕES GERAIS: FORÇA DE EGO E NIVEIS DE DEFESA

 

 

Psiquiatria Diagnóstico e Tratamento
Michael H. Ebert, Peter T. Loosen, Barry Nurcombe
Editora Artmed
Trad. Maria Cristina Monteiro, Lúcia Porto, Alceu Fillmann
Porto Alegre - 2002

     Força de ego refere-se a uma noção freudiana clássica de que o funcionamento psicológico dos pacientes pode ser avaliado de acordo com quão bem ou quão insatisfatoriamente eles lidam com o conjunto de estressores que os afetam. Defesa do ego refere-se ao conjunto de comportamentos e mecanismos psicológicos (p. ex., afeto depressivo, ansiedade, pânico) que os pacientes utilizam para evitar dor psíquica. Visto que a dor psíquica varia de acordo com os estados mentais como atenção, a alteração do estado mental da pessoa por meio de desatenção seletiva, use de droga ou dissociação diminui a gravidade da dor imediata. Algumas manobras e estilos defensivos, como humor e presença de espírito, mantêm o ego relativamente intacto; outras, como divisão e dissociação, desorganizam a personalidade de forma importante e dão origem a graves patologias de caráter.

      A noção clássica de defesa do ego encontrou expressão no estudo de Anna Freud no qual ela formalizava os conceitos implícitos de seu pai. Fenichel resumiu a teoria clássica, diferenciando entre defesas bem-sucedidas (sublimação) e defesas patogênicas (negação,projeção,introjeção,repressão,formação,reativa,anulação, isolamento e regressão). Os estudos de E. H. Erikson do desenvolvimento da personalidade e tipo de caráter transmitiram a teoria psicanalítica de caráter para gerações de indivíduos, mesmo quando eles frustraram os pesquisadores de laboratório. Mais recentemente, Vaillant e seus colegas conduziram estudos longitudinais e empíricos extensivos do conceito de "níveis de defesa" no que diz respeito a funcionamento global da personalidade e curso de vida: indivíduos cujos especialistas julgaram "bem-sucedidos" e livres de sintomas maiores tendiam a manifestar defesas maduras, enquanto aqueles com incidência significativamente alta de doença psiquiátrica e outras medidas de dificuldades correlacionavam-se com defesas imaturas (Tabela 4-2).

    Além da teoria de defesa e tipo de caráter, alguns pesquisadores salientam o valor das descrições precisas das capacidades das pessoas. Por exemplo, Wallerstein observou a utilidade de usar termos descritivos (que ele chamava de capacidade) compatíveis com a teoria psicanalítica tradicional, porém mais facilmente reconhecimentos por médicos e pesquisadores (Tabela 4-3). Wallerstein e seus colegas estenderam essa lista experimental a uma teoria implícita de psicopatologia. Aquelas pessoas que não conseguem manifestar comportamento dentro de uma suposta variação normal são. Por definição, mal-adaptadas e disfuncionais. Hiper ou hipofuncionamento em qualquer uma dessas escalas indica psicopatologia. Por exemplo, a auto-estimula excessiva é denominada narcisismo; se for persistente, figura no DSM-IV como um transtorno da personalidade narcisista. Muito pouca aut-estima domina a apresentação de muitas condições depressivas e transtornos da personalidade, especialmente aqueles no agrupamento C, o chamado grupo ansioso, medroso (p. ex. transtornos da personalidade esquiva e dependente). Déficits ao longo das linhas de sentido de self como agente e senso de efetividade e domínio regem as apresentações dos transtornos da personalidade esquizóide e esquizotípica.      

 

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

DSM-IV. Manual diagnóstico e Estatístico de Transtornos mentais. 4 ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul (Artmed Editora), 1995.

Benjamin L: Interpersonal Diagnosis and Treatment of Personality Disorders. Guilford, 1993.

Freud S: The ego and the id. In Strachey J (editor): The Standard Edition of the Complete Psychological Works of Sigmund Freud Vol 19. Hogarth Institute for Psycho-Analysis, 1923.

Langs R: Making interpretations and securing the frame: sources of danger for psychotherapists. Int J Psychoanal Psychother 1985;10:3.

Wallerstein J: Forty-two Lives in Treatment: A Study of Psychoanalysis and Psychotherapy. Guilford, 1986